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sábado, agosto 06, 2011

Tempo, tempo, tempo, tempo.



Eu, como uma apaixonada pelo escuro da noite, estava me estranhando hoje. Queria voltar o tempo e ver o sol nascer. Sentir aquele vento cortante do inverno, vendo o sol emanar toda esperança de um dia tranqüilo e secar as gotas de orvalho da grama. Mas o tempo é cruel né? Anda naquele mesmo ritmo sem olhar pra trás. Caminho até o lado de fora, me debruço na sacada e vejo a noite brilhar. Incrivelmente é uma noite quente. Sinto uma saudade do verão e desejo que os meses corram até que ele chegue. Entretanto, lembro-me que gosto de companhia para caminhadas sob as folhas caídas, de outono. Mas o outono já foi e estou só. Rego as plantas, e as vejo se preparando para me presentear com flores coloridas e perfumadas. Gosto da primavera, e do vôo do beija flor dando rasantes felizes, não demora e já ela chega.

Entro, preparo um café forte, tiro o bolo do forno. Aquele misto de perfumes me lembram as tardes de férias. Delicio-me nos sabores, mas, ainda não há nada que me finque ao presente segundo. Pulo pro sofá, zapeio os canais, desisto. Abro o livro, mas concentração passa longe. Rascunho uns poemas, e no fim, há mais riscos na folha que palavras. Caminho na pequena sala, talvez eu queira me cansar, para adormecer logo. Volto pra cozinha, faço um chá quente, hábito adquirido recentemente. Ouço um samba para alegrar o coração. Mas samba se ouve alto, e já é tarde. Junto às tralhas, lavo as louças e coloco meu relógio no pulso. É quase manhã, as pálpebras pesam, é o sono que chegou. Me rendo a ele.

Mas, não era a manhã, que eu queria que chegasse?


"Eu já arranhei minha garganta toda atrás de alguma paz."

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