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sábado, dezembro 21, 2013

Redundância



Juntei todas as frases soltas do bloco de notas do celular, revi todos os meios poemas que deixei no rascunho do email, parei para pensar sobre todas as dúvidas que ainda permeavam minha cabeça – mesmo depois de tanto tempo – e ainda não sei por onde caminhar com essa meia rima que existe sobre você.
O Tempo pela janela é poético, e eu poderia começar igual àquela música: “chove lá fora e aqui, faz tanto frio...”, mas o suor na minha testa avisa que talvez eu não combine com música nenhuma, e por mais que eu queira ter uma trilha sonora, dessa vez não vai haver uma música cantando a gente.
As canções clichês não combinam com nossa confusa relação. É que talvez a gente não sirva para ser contado, cantando ou declamado. No máximo seríamos personagens de algum filme de baixa qualidade, que os créditos sobem enquanto você ainda se pergunta “Qual é a moral da história?”.
Falta moral e falta amor. Próprio ou a reciprocidade. Teimosia tem, sobra inclusive. Sobra também aquele abraço e um monte de sonhos perdidos na minha gaveta. Nessa gaveta tem muita coisa, sentimentos e um desejo secreto, só falta mesmo é a coragem para rimar em outro soneto.

terça-feira, dezembro 10, 2013

Incômodo Inerte


Remexo os lembretes
Tento palavras que completem o pensamento
Bagunço a mente, 
A procura de algo que me acalme o momento, em vão

Não acho a oração que afronta
Pego uma dose por conta
Rabisco uma anotação
E tonta busco achar um espaço, um vão

Que me traga o vento no rosto
Que mostre a rua onde passa o amor
E aqueles doentes de paixão 
Que seguem sofridos e trôpegos, mas vão

E por aqui não sobra uma rima,
Que me responda à dúvida sem titubear:
Por que nesse caminho louco, por aonde eles vão
Eu resolvi ficar?

sexta-feira, novembro 22, 2013

Eu não conheço o seu sorriso

Para ouvir ♪

É nublado imaginar você. A gente se conhece há tanto, mas sei tão pouco. E você deveria saber que é deveras instigante para pessoas como eu, que falam da vida toda logo no primeiro encontro, deparar com gente que se veste de mistério. Tropeço sempre naquela vontade de saber mais.


Sei algo sobre seu gosto musical, muito pouco sobre sua família e quase nada que se passa por trás desses olhos carinhosos e mudos.  E ainda carrego comigo uma imensa dúvida sobre de onde vem tanta seriedade para encarar os sinuosos caminhos da vida.

Eu te confundo sempre com uma imagem embaçada que restou daquela nossa noite. Não defino os limites do que realmente aconteceu e do que criou minha embriaguez. Lembro-me de sorrisos perdidos, abraços quentes e muita coisa que pouco condiz com você. Quem era naquele dia, o meu ou o seu álcool?

Eu fujo do encontro dos seus olhos, tenho medo de me perder por eles, por curiosidade ou por afeto. Eu mantenho distância e respeito todas essas placas de “Não se aproxime” que você carrega. Eu controlo minha alma intrometida que sempre quis te perguntar quantos amores você teve na vida, e quantos deles você ainda carrega as dores.

Você tem medo do amor? Se tiver não se preocupe, eu não falo de amor, sobre esse assunto eu gastei com outro, falo de um dia te ver de sorriso frouxo, nas fotografias e na vida, seja lá o que essa vontade for.

quarta-feira, agosto 14, 2013

Há muito tempo, não mais

Para melhor compreensão do texto clique aqui
E ouça isso aqui

Você ainda se lembra de como era a gente? Pergunto porque, aos reler algumas coisas nossas, descobri que eu também não lembrava mais. A gente se acostuma com tudo, e eu me acostumei com você de longe. É estranho te rever, você continua do jeito que eu deixei e tão diferente ao mesmo tempo. Cheiro, gírias, e o jeito de me arrancar gargalhadas, tudo igual, nem parece que não somos mais aqueles recém formados cheios de medo de encarar a vida. 

E a encaramos sem perceber, com a mesma distração que esquecemos nossos bons momentos. Como eu não queria, nossos passos ficaram distantes, por mais que tenham encurtado os quilômetros. As fotos descoloriram, nossa noite não clareou e nossas almas vagam por caminhos tão opostos que nunca mais se viram.


E eu, que cheguei a achar que nossas paralelas se cruzariam outra vez, vejo hoje o tamanho da estupidez que é reviver um amor que já se desfez.


"Te quero/ Dizer que não quero/ Teus beijos nunca mais"



sexta-feira, agosto 02, 2013

Um amor email



Eu não sei ainda como começar a dizer isso, mas talvez eu tenha achado um novo amor. Não exatamente novo e não exatamente amor, mas alguém que meu coração tenha olhado, depois de tanto tempo parada na sua estação. Eu não sei o que fazer e nem decidi ainda se clico no enviar quando terminar de escrever esse email, mas é que eu nunca imaginei que fosse tão confuso toda essa transição de amores.
Eu me acostumei com você - não em ter você, isso eu nunca tive – decorei seus gostos, seu disco preferido e como adoçar seu café, mas não sei de que me vale agora, saber disso tudo. E é esse sentimento de não saber o que fazer com todos os planos que me confunde. Ainda falo seu nome no ato falho e guardo como exclusivamente nosso aquele ritual que a gente fazia toda vez que ia dizer eu te amo. Um dizia, o outro abraçava, falava “eu também”, apertava o abraço e sempre completava com o “muito”. Nós dois conhecíamos a angústia que respostas genéricas como “também” causava na gente.
Mas meu novo amor é bom, e espero que você fique feliz por isso. Ao contrário do Chico, eu espero que você se alegre ao sentir que sem você eu passo bem demais. Ele não torce pro Vasco e tem alguns problemas mal resolvidos pela vida, mas dá pra ser feliz mesmo assim, né?!
Sabe, ele me faz sorrir, e por ora é só isso que importa.
Acho que é só isso.

Fique bem, e nunca esqueça que te amei, muito (e de abraço apertado).



[Salvar Como Rascunho]

terça-feira, julho 02, 2013

Mas que perder seja o melhor destino



Eu não sei em que cruzamento da vida a gente se perdeu. Sei que, por mais que não tenha passado tantos dias assim, parece que foi há meses. A lembrança fica demasiadamente distante cada vez que tento lembrar. Ela esfumaça tanto que eu tusso e acho melhor deixar pra lá, essa fumaça me incomoda tanto quanto a do cigarro, agora que sou ex fumante.
E nesses curtos quarteirões que eu percorri sozinha eu descobrir um novo mundo. Onde faz sol, bate uma brisa gostosa a noite e vira e mexe cai uma estrela cadente, tão lenta que consigo fazer alguns pedidos. Eu mudei também. Foi necessário me tornar outra pessoa, para que, ao tentar lembrar da gente, eu estranhe não só você. Clareei os cabelos, tá com um tom de morena de praia (talvez para combinar com o sol constante), ando com eles ao vento agora, por mais que já tenha crescido o suficiente para se prender sozinho em um coque.

Agora eu uso batom. VERMELHO, acredita? Pois é, nem eu! Mas combinou bem com as unhas. Tô descobrindo alguém que vivia aqui em mim e que nunca teve oportunidade de aparecer. Alguém tão calma e serena que nem se compara a que existia antes do nosso desencontro. Diminuí o café, troquei de perfume e estou até planejando uma viagem à Europa!
Eu não sei onde que nos perdemos, mas provavelmente foi em uma esquina bonita, em que eu me distraí com as flores e você com o sol se pondo. Foi tão natural e mútuo que foi verdadeiro, foi quase feliz, quase sem dor, de uma forma que ambos desejávamos.
Mas, apesar das mudanças, ainda uso aquele all star velho e sujo. Se um dia reconheceres meus passos, em uma esquina qualquer, não se acanhe, me grite e me dê um tchau animado. Vou entender dessa forma que estás feliz. Caso eu responda do mesmo jeito, mantenha essa mesma certeza sobre minha vida.
Se sentir saudade, lembre-se que nos prometemos um futuro feliz, independente de qualquer coisa. Trabalhe para cumprir essa promessa, ela será nossa mais bela história de quase-amor.

sábado, junho 29, 2013

Volte, se quiser





Primeiro você me azucrina, me entorta a cabeça...


Você sempre chega assim, fazendo cara de cachorro que caiu da mudança, falando manso e pedindo carinho. Tem tanto tempo, mas eu ainda acredito. Te coloco no colo, contorno seu rosto com a ponta dos dedos, fecho os olhos e me imagino ali, todo dia. O arrependimento vem logo depois, sempre junto com os primeiros raios de um novo dia em que ninguém sabe como agir.

Eu já devia ter me acostumado com esse vai e vem rotineiro, essa fuga apressada que sempre termina em um contorno que nos leva de volta ao início - Início? Talvez a inexistência do fim seja explicada pela falta do começo. 

Enquanto você vai eu dou com os ombros e espero. Vez ou outra eu espio sem querer ser vista, certificando-me que você encontre a volta. Não estou certa, mas creio que você já caminhe com a certeza do retorno, porque toda vez é assim, você vai, mas sempre volta. Volta pro meio, da história, do caos ou de nós, não sei exatamente. Sei que volta, mais ainda não sei se é o certo.

No nosso meio a gente nem precisa de explicação, nossos pensamentos caóticos se aceitam e nossas vozes exageram nos pedidos de desculpas, mesmo que nenhum de nós consiga expressar pelo quê se arrepende, se é por ter ido ou por ter voltado.

Nosso ciclo vicioso tá gasto, não demora e ele já vai falhar e não vamos mais caber no meio de nós. Mas se ainda não for dessa vez, e você voltar, não se esqueça de fazer aquele seu jeito de implorar cafuné, tá?


...Há um lado carente dizendo que sim
E essa vida da gente gritando que não
 

terça-feira, junho 11, 2013

É Culpa de quem?


É culpa dos dedos, que te puxam pra perto, 
que buscam conforto e um pouco de ar.
Os dedos que tamborilam a mesa, 

e agem com destreza, para impressionar.

É culpa de um peito pesado, cheio de mágoas e tabaco,
carregado de muito bem querer.
Um peito calado, que quer sempre um trago

e um pouco mais de você.

É culpa do cheiro, que não sai de mim, 
que gruda na roupa, mãos e cabelos.
Um cheiro de ontem, de café passado, 
de amor dormido e em flagelos.
É culpa do vício, que não domino, 
que perturba e não deixa em paz.
Um vício antigo, tão cheio de abrigo 
e que me deixa incapaz.

É culpa dos 4.700 elementos tóxicos, 
presentes na sua mente e no meu cinzeiro.
Substâncias desconhecidas, que entorpecem 
e me colocam em um picadeiro.

Não existem níveis seguros 
para consumo destas substâncias.
Um abraço, um sorvo, um maço 
e uma cabeça cheia de inconstâncias.

terça-feira, abril 23, 2013

Não há tempo que volte, amor




Eu ainda lembro com detalhes daquele nosso encontro. Era tão “Manuel Carlos” o momento, e as insistentes trocas de olhares daquelas cenas piegas e apaixonantes mereciam até uma bossa de trilha sonora. Na verdade, não lembro com tantos detalhes assim, não me atrevo a descrever sua roupa ou que amigos te acompanhavam, mas saberia ainda descrever todas as particularidades daqueles olhos que sorriam.

Parecia mesmo uma novela das nove, mas a vida nos transformou em um grande dramalhão mexicano, daqueles de nomes duplos e triângulos amorosos, pecando apenas na falta da tequila, para ajudar a descer tanta coisa goela abaixo.

Eu, às vezes, me pergunto se eu faria tudo de novo. E estou certa que sim, só que dessa vez acertando em todos os pontos que errei. Não enviaria aquele sms, deixaria o seu telefone na blacklist por mais uns 3 dias naquela outra briga e teria muito mais atitudes maduras, tão difíceis de alcançar no calor dos 20 anos - por mais que já exijam muita seriedade de nós nessa idade. Esconderia meus vícios em vez de tentar camuflar minha insegurança através deles e ocultaria mais ainda minhas fragilidades.

Com uma chance de voltar atrás eu seria mais dura, em uma vã tentativa de que você se derretesse. Eu seria bem menos patética (e olha, patética foi uma coisa eu nunca me cansei de ser, enquanto pautava minha vida na sua). Talvez mantivesse a postura de tentar aprender sobre o que te interessava, para nunca perdermos o assunto, mas eu tomaria mais cuidado em ir sem medo querendo me jogar de cabeça naquela cachoeira, querendo te levar comigo. Perceberia que você estava escaldado da água fria.

Ainda assim, se pudesse voltar atrás, eu continuaria ignorando seus avisos de “não se aproxime”. Também saberia desse seu insuportável jeito de não falar “não” mas inventar tantas desculpas quanto eu arrumasse solução. Pararia na primeira, e entenderia que você não tava nem um pouco afim, por mais que preferisse dizer que “queria muito ir, mas tinha que almoçar com a mãe hoje”.

Voltando atrás eu saberia exatamente como lidar, o que falar e como te fazer sorrir, te conheceria como se eu convivesse contigo por alguns anos. Hoje eu tenho aqui um dossiê, um manual de instruções, e quase um artigo da Wikipédia. Sei de tanta coisa e ainda assim continuo errando em tanta lição primária, com você e com outros. Não sei se é por falta de sorte, ansiedade ou qualquer coisa que valha, mas sei que mesmo que tempo voltasse, eu ainda não teria você.

Nota da autora (ou do melhor amigo da autora):
- Só acho que tem uma frase que tá errada.

- Qual?
- Acho que deveria ser:
Não sei se é por MUITA sorte, ansiedade ou qualquer coisa que valha, mas sei que mesmo que tempo voltasse, eu ainda não teria você.