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terça-feira, dezembro 13, 2016

Café pra um


Já era quase verão, mas a noite ainda estava fazendo frio. Não sei exatamente quanto o termômetro marcava, mas sabia que meu frio não era compatível com a temperatura do lado fora. Era um frio meu, vinha de dentro.

Meu pé estava gelado e eu passei a noite inteira procurando seu para aninhar o meu, mas só achava o meu travesseiro extra na beirada da cama, quase caindo. Eu sei que foi muito pouco tempo que esteve aqui, mas eu me acostumei rápido.

Há dias levanto querendo café quente, pão fresco e risadas sobre a noite anterior, mas eu não tenho assunto e eu não tenho ninguém. Conformo-me em tomar café com o atendente da padaria. Sei que parece impessoal e solitário, mas ele é meu garçom preferido versão matinal: mais fiel que você.

O cheiro que você deixou por aqui já estava no final. Precisava me concentrar para inspirar um pouco da lembrança dos dias que você permeou pelo meu leito.

Ontem tudo acabou.

Foi dia de faxina.

Agora seu cheiro é só amaciante, em fronhas e lençóis que nunca lhe couberam.

sábado, janeiro 30, 2016

E por falar em você, onde anda a saudade?


Definitivamente eu escolhi o quarto errado nesta casa para dormir. Mesmo estando no quinto andar o barulho do interfone vem direto pela minha janela. Isso não seria grandes problemas se eu não esperasse todo dia por você. Ouço o barulho, conto dez segundos e fico na expectativa do porteiro ligar. Mas, de novo, é só o vizinho chinês do andar de baixo.

A cama ficou grande, e minhas pernas não cansam de procurar as suas para se entrelaçar pela madrugada. Nunca fui fã de conchinha, mas pernas entrelaçadas me asseguravam que você estava ali.
 
Está tudo bagunçado, e eu queria que isso fosse apenas seu tênis e tablet depositados em lugares estranhos, mas a bagunça tá por dentro. Tem bagunça, tem dúvida, tem insônia, só não tem você.

E você pode estar achando todas essas palavras feitas de um pieguismo sem fim, e são, concordo. Mas não se exige muito de corações e mentes sobrecarregadas. Além do mais, não se fala do simples sem ser óbvia.

Não que seja simples falar disso, mas é que... ah, não sei. Tem confusão também, tá vendo? Tem bagunça, dúvida, insônia, confusão e uma falta só minha.


Você eu sei onde andas, mas e a sua saudade, ela nunca mais vai te trazer aqui de novo?