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quinta-feira, abril 19, 2007

Perdemos nossa voz





Vivemos em uma sociedade fruto de gerações que batalharam, lutaram, foram às ruas por seus direitos, por diretas, pela livre expressão. Somos frutos de uma nação que viu nossos ícones de cultura popular serem oprimidos por um governo ditador. Tínhamos um poder de massa, de ir as ruas gritar e sermos ouvidos, tínhamos a audácia de mesmo tão jovens acharmos que sabíamos o que era bom para o futuro dessa nação, achávamos e muitas vezes até sabíamos.
O tempo passou, a geração mudou, os novos jovens não gritam por justiça, nem no rock, que se vendeu a temas amorosos, abandonando o caráter critico de um ritmo que gritava “a burguesia fede” e “que país é esse”. Perdemos a vontade de lutar contra o que não nos agrada, nos acostumamos com o “rouba mas faz”, nos acostumamos a nos recolher em casa as 10 da noite sabendo que nem dentro do nosso lar temos a certaza da segurança.
Assistimos homicídios brutais, chacinas, massacres, que acabam virando apenas números. Aceitamos o fato de vidas serem transformadas em estatísticas. E o que fazemos além de se chocar um pouco ao ver a noticia e comenta-la em uma roda de amigos? O que fazemos além de desejar conforto a família da vitima da vez?
Nossa geração cresceu e não fomos ensinados a lutar. Talvez por certa angústia que nos deixou a ditadura, com tantas mortes por manifestos. E essas inconscientemente, causando uma negatividade com a palavra e ação “revolução”. Não nos ensinaram, mas ainda é tempo de gritar que a gente não quer um país assim, que a gente quer nossas Gabrielas andando em paz nos metrôs e os Joãos voltando pra casa, tranqüilos, na certeza que chegarão bem.
Portanto, grite, manifeste-se, lute por um país melhor para viver, lute por suas idéias, viva e morra por elas, pois só grandes idéias mudam o mundo.