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domingo, setembro 18, 2011

Lumiar



No tempo que ainda faltava luz, a nossa vista não se espantava com vagalumes. As estrelas ganhavam um brilho a mais e a lua mostrava sua esquecida função. No silêncio da novela e na brisa que entrava na janela aberta, que as sombras cresciam na parede, iluminada por aquela vela colada ao pires.

Era em volta da luz bamba da chama, que o som surgia. Era um desafinado coral, ritmado pelo violão, que quase sempre era esquecido pelo canto da sala. Era ali, que eu tinha liberdade de cantar com olhos fechados, que eu desentoava sem qualquer vergonha, aquelas músicas.

Era na ausência da tecnologia, que evidenciava as pessoas. Era comunicação direta e sem ruídos. Era o amor e união em melodias simples que cantavam o mesmo. Era, e ainda é, apesar do tempo e a distância. Mas, a saudade da cidade apagada fica mais acessa que as lâmpadas de hoje em dia.

“Todas as cores escondidas, nas nuvens da rotina.”

sexta-feira, setembro 09, 2011

Por ora, não mais.

E lá foi você, ser feliz em outras bandas, espalhar seu sorriso por outros jardins. Ficou aqui, junto a mim, o bem querer e o medo. A saudade e o carinho. Ficaram os risos frouxos, as bebidas quentes, as lágrimas enxugadas e noites adentro. A lembrança dos abraços apertados, cumplicidades e companheirismo. Alegria sabe? Que hoje estão embaladas, guardadas em uma caixa de baixo da cama.

Mas, e se as fotos descolorirem? Se o tempo passar mais rápido que de costume? Se os quilômetros passarem a fazer diferença? E se, por um instante apenas, a gente não mais se reconhecer, onde antes havia almas irmãs?

Vão surgir novos amigos, novas bebidas e novas formas de ser feliz. No nosso caminho divergente, sempre haverá um ponto em que olharemos para traz buscando um ao outro. Nem sempre sua vista alcançará os olhos meus, ou meu pranto se apoiará nos ombros seus. Mas, siga. Que quem sabe, no fim, as paralelas se cruzem, nossos abraços se enlacem e nosso peito palpite, em paz. Quem sabe o passado não morra, a noite clareie, o papo se alongue e sejamos ainda capaz, de ser tudo que somos, de inventar o que seremos e reviver tudo que jaz.