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segunda-feira, maio 25, 2015

Sobre flores e cores




Pra ler ouvindo ♪

Ontem mesmo, depois de um longo hiato ele resolveu aparecer, com aquele ar de quem nunca tinha ido embora e ao mesmo tempo aquele escudo que não deixa ninguém aproximar mais que um aperto de mãos. De novo ele ainda é o mesmo. O mesmo durão, cheio de neuras, de cara emburrada e ar de quem não se importa. De novo ele ainda é o mesmo. O mesmo inseguro, cheio de sonhos, de olhar vago e ar de quem se sente só. 

Talvez ele não faça ideia do quão triste seja viver em casulos, capas e armaduras. Viver somente de contagem de dias, sem de fato respirar a vida a plenos pulmões. Foi uma escolha fria, racional e decidida, de uma forma que muito o orgulha, mas que me provoca arrepios. Encantar, apaixonar e mergulhar talvez sejam minhas maiores necessidades. Desse jeito ele se acha imortal, eu o acho apenas um pedaço de solo incapaz de florescer junto a primavera.


Inconformo-me somente por conhecê-lo a ponto de saber que por dentro ele é flor. Dessas que nascem em ambientes áridos, mas flor. Cor. Vida. Lamento-me por ele quase matá-la todo dia, e alivio-me por ela precisar de tão pouca água pra sobreviver. Depois me pego pensando o porquê de eu ainda me inconformar, lamentar ou aliviar por um jardim tão secreto que nunca se foi visitado. Logo eu que mato violetas por falta de tato, me obrigo a ser paisagista de quintal alheio. 


Assumo o sacerdócio de colorir vidas de pessoas como se não houvesse a opção de recursar. Mas entendo que cores vivas não se destacam sobre um escala de cinza a preto. Reconheço, por fim, que gente monocromática entedia fácil quem é colorido.


Ontem mesmo ele voltou aqui, mais uma vez eu não lhe ganhei. De novo não fui eu quem perdi