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quarta-feira, junho 29, 2011

Sobre barbas e caras



Se tem uma coisa que me deixa louca, é a barba por fazer. Aquelas cerradinhas, prontas para roçar a nuca e provocar arrepios. Homem tem que ter cara de homem. Isso provoca minha libido. E esse é o problema, homem com cara de homem provoca meu corpo. Porque meu coração é osso duro. Não resiste a nenhuma carinha de coitado. Não resiste a nenhum sorriso no olhar. Coração bobo, daquele bem vagabundo mesmo, comprado em comércio popular e precisa ser recarregado a cada noite. Enquanto o corpo clama por atitude, o coração adora brincar de mãe, acordar às 6 da manhã para ligar e perguntar se ele já tomou o remédio. E quando surgem aqueles que sabem fazer manha? Me ganham instantaneamente. Saber falar calmo e fazer olhos de cachorro que caiu do caminhão de mudança bloqueia minha capacidade de dizer não! Mas as barbas.. ah, as barbas! Fazem cada poro do meu corpo se manifestar, caso acariciado bem de leve nos lugares certos. Falar soprando ao ouvido e sentir a respiração quente me deixa fora de qualquer eixo. É dilema puro. Corpo quer, coração acha chato. Coração apaixona, corpo cansa de fazer por onde. Mas, entre abraçar e ser abraçada, estar no meio termo me ganha, de corpo, alma e arrepios.

"Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita"

quinta-feira, junho 09, 2011

Meio cheio ou meio vazio?


Para ouvir ♪

Você não sabe, mas alimento sonhos sobre nós dois. Simulo afagos e histórias de amor. Crio coincidências e suposições, sobre você e eu.

Observo seus gestos, toques leves e também teus olhos que não deixam transparecer o imenso universo que existe em você. Enigmáticos, desses tipos que deixam pessoas curiosas como eu sem coragem para virar as costas sem desvendar ao menos um mistério.

E suas falas? Ah... Suas falas pausadas, como quem desse tempo entre uma palavra e outra para que eu pudesse saboreá-las por completo. Risca a frase clichê da Lispector da agenda, o que eu quero tem nome, sobrenome, pai, mãe e um jeito encantador de sorrir. Uma barba mal feita que me faz fechar os olhos e esboçar um sorriso escapado.

Me perco em desatino, em risos abafados, palavras caladas e invento um amor. Um amor tranquilo de Cazuza, barato de Chico, mais que discreto de Caetano. Invento o meu amor, invento a reciprocidade, e vou-me embora tão cheia de mim, e vazia de ti.



sábado, junho 04, 2011

Alter ego



Ela sempre fazia questão de não se importar. Nunca quis saber do café, do amanhã ou do telefonar. E por mais que se importasse, seria em vão. Nunca se preocupou com o comportamento, as palavras certas ou em cuidar para não assustar.

Não era nada. Não era. Por que como quem não escolhe o futuro, se viu contando dias de solidão. Não sabia o que a perturbava mais, a falta ou o aperto do seu abraço. A partir daí, travava batalhas matinais, cada vez que acordava com vontade de continuar sonhando. Lia seu signo, para ver o que ele dizia. Para saber se ele dava alguma pista de como percorrer o caminho.

Não queria, nunca quis. E dessa falta de preocupação com o futuro nasceu isso. Resolveu batizar de Confusão. Deixar que o vento determinasse sua vida era demais para ela. E ao mesmo tempo instigante.


“Eu que não amo você, envelheci, dez anos ou mais, nesse último mês”.