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quarta-feira, dezembro 16, 2015

A beleza das flores ao chão


Das paixões o que mais eu gosto é essa efemeridade. Essa urgência, esse corre-corre, porque se não correr evapora tudo. As paixões são carruagens que já já virarão abóbora, ou se vai pro baile com ela e volta meia noite, ou fica em casa pagando de gata borralheira sem se divertir.

Ainda ontem eu estava querendo encontrar você. Comecei a assistir um filme do Tarantino, mas não tinha você do lado para eu reclamar que tinha muito sangue, desisti. Senti falta da implicância mútua e de sempre descer correndo as escadas porque você não avisou que estava chegando um quarteirão antes para eu já te esperar na portaria.

Mas hoje eu acordei disposta, tomei meu café e caminhei tentando me encontrar. Encontrei, me encontro sempre que me esforço. Refleti sua presença e sua falta. Escolhi as lembranças. Acabou, completou seu ciclo. Finalizou.

Penso no termo “viver por completo” e entendo que acabar é isso, a finitude não me assusta, só conclui. A paixão é um sopro, um florescer de flamboyant no fim da primavera. Breve, quente e belo.

Das coisas efêmeras da vida o que eu mais gosto são as paixões. E das flores caídas aos pés dos flamboyants na chegada do verão também, claro!



Um comentário:

Janaína disse...

Bravooo!!!