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sexta-feira, setembro 18, 2015

Eu tive um sonho



Era um dia ensolarado,  com uma brisa leve, dessas que nos acarinha o rosto e bagunça ao leve o cabelo. Aos meus pés havia uma imensidão que me separava do mar, que de tão azul camuflava o horizonte e se juntava ao céu, provocando uma certeza de que tudo é mesmo um grande infinito.

Estar ali em cima me fazia pequena, mas com uma possibilidade de ser enorme. Eu mantinha a espinha ereta e sorria, sem precisar fazer esforço para relaxar. Diante de tanta incerteza, de tantas amarras do medo, era a absoluta certeza de um mergulho exato, a fonte da minha calma.

Era um passo à frente para encarar o nada e ganhar tudo. Um vazio repleto de tudo. Uma contradição. Um balé no ar, uma acrobacia controlada, por mais que se jogar envolvesse nenhum controle.

Para aos que olhavam eu caia, para mim eu voava. Para os que olhavam eu morria, enquanto pra mim eu começava a viver. A vida entrou em slow motion para que eu tivesse tempo de aproveitar cada metro da delícia que é se jogar.

Você não teve coragem de pular comigo, ficou de algum canto se perguntando se eu ia mesmo fazer aquilo. Deu tempo para que você se arrependesse, mas você não pulou. Me encontrou no ar, me abraçou e me levou para terra firme, aquele lugar chato que você gosta de se sentir seguro.

Foi um abraço tímido, um beijo roubado e uma decisão rápida. Monte seu acampamento no solo, eu estou subindo de novo. Eu sou ar e você terra, um dia, em outro sonho qualquer, a gente se encontra na água.

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