Era um dia ensolarado, com uma brisa leve, dessas que nos acarinha
o rosto e bagunça ao leve o cabelo. Aos meus pés havia uma imensidão que me
separava do mar, que de tão azul camuflava o horizonte e se juntava ao céu,
provocando uma certeza de que tudo é mesmo um grande infinito.
Estar ali em cima me fazia pequena, mas com uma
possibilidade de ser enorme. Eu mantinha a espinha ereta e sorria, sem
precisar fazer esforço para relaxar. Diante de tanta incerteza, de tantas
amarras do medo, era a absoluta certeza de um mergulho exato, a fonte da
minha calma.
Era um passo à frente para encarar o nada e ganhar tudo. Um
vazio repleto de tudo. Uma contradição. Um balé no ar, uma acrobacia
controlada, por mais que se jogar envolvesse nenhum controle.
Para aos que olhavam eu caia, para mim eu voava. Para os que
olhavam eu morria, enquanto pra mim eu começava a viver. A vida entrou em slow motion
para que eu tivesse tempo de aproveitar cada metro da delícia que é se jogar.
Você não teve coragem de pular comigo, ficou de algum canto
se perguntando se eu ia mesmo fazer aquilo. Deu tempo para que você se
arrependesse, mas você não pulou. Me encontrou no ar, me abraçou e me levou para
terra firme, aquele lugar chato que você gosta de se sentir seguro.
Foi um abraço tímido, um beijo roubado e uma decisão rápida.
Monte seu acampamento no solo, eu estou subindo de novo. Eu sou ar e você
terra, um dia, em outro sonho qualquer, a gente se encontra na água.
Nenhum comentário:
Postar um comentário