Das paixões o que mais eu
gosto é essa efemeridade. Essa urgência, esse corre-corre, porque se não correr
evapora tudo. As paixões são carruagens que já já virarão abóbora, ou se vai
pro baile com ela e volta meia noite, ou fica em casa pagando de gata borralheira
sem se divertir.
Ainda ontem eu estava
querendo encontrar você. Comecei a assistir um filme do Tarantino, mas não
tinha você do lado para eu reclamar que tinha muito sangue, desisti. Senti falta
da implicância mútua e de sempre descer correndo as escadas porque você não
avisou que estava chegando um quarteirão antes para eu já te esperar na
portaria.
Mas hoje eu acordei
disposta, tomei meu café e caminhei tentando me encontrar. Encontrei, me
encontro sempre que me esforço. Refleti sua presença e sua falta. Escolhi as
lembranças. Acabou, completou seu ciclo. Finalizou.
Penso no termo “viver por completo” e entendo que acabar é isso, a finitude não me assusta, só conclui. A paixão é um sopro, um florescer de flamboyant no fim da primavera. Breve, quente e belo.
Das coisas efêmeras da vida o que eu mais gosto são as paixões. E das flores caídas aos pés dos flamboyants na chegada do verão também, claro!