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sexta-feira, fevereiro 14, 2014

Monólogo dos quereres

Desculpe-me começar falando assim, sem floreio nem rodeio, mas há tempos uma dúvida me angustia: o quanto de beleza há no querer? Um querer desses cheios de certeza. Querer, moço, sabe como? Como quem quer um sorvete de chocolate em um dia calorento. Não, não é amar. Amar é outra coisa. Diferente, muito diferente. Amar é precisar. Eu não preciso, eu quero! Hã? Não há doçura? Pois pra mim só há. O que é mais livre: necessitar ou querer? Pois pra mim o querer é desprezado. Conheço quem ama sem querer, mas não é lindo querer amar? Não? É sim. O querer assume todos os riscos do que quer. O amor não! As pessoas amam o que a sorte diz, o querer quer o que escolhe, simples né?! Não, não é assim, não é um querer simples é "querer querer", "querer bem", "querer estar perto", conheço tanto amor que não quer, que não se suporta mais. Ainda há amor, mas falta o querer. Querer é escolher estar, mesmo que não haja nenhuma amarra que faça ficar. Não é magnífico? E quanto ao não querer? Ele é o maior desamor que existe, não concorda? Pois quando se ama e não se quer, não adianta mais o amor. Tô sendo racional? Talvez. Mas pra mim o querer é colorido, cheiroso e tem muito valor. Não acha, moço? Ei, volta aqui, me ajuda, não acabaram minhas indagações. Você não quer ouvir mais? Espera, ainda tenho outra dúvida, moço: E afinal, querer é poder?

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