Anne Frank |
Todos os anos minutos antes do réveillon eu fico com uma
angústia de deixar aquele ano ir embora. Bom ou ruim o apego com aquele jeito
de fazer as coisas me ronda e me questiona se é mesmo preciso mudar tudo
completamente. Mas eis que chega a contagem regressiva, e aquele coro do 10 ao
Feliz Ano Novo empurra todo o medo pra lá e enche o peito de uma vontade de
fazer tudo diferente.
Tenho minha relação íntima com o ano novo, e um misto de
amor e ódio com mudanças. Algo mais incerto que desejar mudar e morrer de
saudade do que já passou? Mas são de réveillons que vivo minha vida. É réveillon
toda vez que eu estou diante de uma grande mudança, a decisão sufoca até
começarmos a contar os segundos e depois alivia.
Réveillon é recomeço, e recomeçar é continuar sendo você, só que de outro ângulo. É
fazer de cada primeiro de janeiro uma renovação e de cada dia um novo primeiro
de janeiro. É ir, vir, voltar, contornar, (re)voltar e ainda se reconhecer nessa
confusão que é sermos nós mesmos.
Hoje é o ano novo chinês. Amanhã também é réveillon, o de fevereiro.
No próximo domingo é réveillon da semana e toda noite é um pequeno réveillon. O que importa, na verdade, é ser novo, seja o
ano, o mês, a semana, o dia ou a atitude.
"Ano novo/ Anos buscando/ Um ânimo novo” - Leminski.
Um comentário:
Parece que toda noite é mesmo um pequeno réveillon. O que muitas vezes me faz amanhecer um pouco Alice... acordo com a sensação de que sei quem eu sou e o que realmente quero, mas durante o dia toda essa certeza tropeça em sentimentos librianos. É quando me pego esperando por um novo réveillon.
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