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quinta-feira, setembro 11, 2014

A fragilidade do nunca mais



Hoje eu acordei sem noção de onde havia dormido. Ainda estava zonza da noite anterior e a primeira coisa que veio a cabeça foi o arrependimento por ter exagerado na vodca. Eu já devia ter aprendido que ela age de forma potencializada no meu corpo.

Olhei pra o lado tentando me localizar e te achei dormindo com uma cara cheia de paz. Naquele momento os efeitos da ressaca se multiplicaram por 10. Não acreditei que eu tinha feito aquilo, recair depois de tanto tempo me mantendo firme era um absurdo. Então lembrei que ontem o absurdo era eu não obedecer ao que eu queria. Estava indo tudo tão bem, sabe?! Eu nem ouvia mais a nossa música tocando, já achava que o Cazuza tinha razão.

Continuei te olhando e relembrando cada motivo que tinha me feito entrar e sair da sua vida. A fala calma, o sorriso lindo e uma penca de divergências que nos fazia disputar argumentos com mais rivalidade que um FlaxFlu. E percebi que esses eram exatamente os mesmos motivos que me fizeram sentar ontem ao seu lado, com pose de bem resolvida e ao mesmo tempo com tanta saudade do seu abraço.

Pensei que esse clichê de amor e ódio deve ser mesmo verdade, andam tão juntos que deveria ser amoreódio, assim, numa palavra só. Eu sei que Hollywood já explorou esse tema com exaustão, mas a dúvida sobre o que fazer continua sendo um roteiro atual, e eu não sabia se me aninhava nos seus braços ou se saía pé-ante-pé, rezando para que a vodca tivesse me presenteado com uma amnésia alcoólica em você.

Por fim eu decidi que ir embora seria a coisa mais sensata (não a melhor) a se fazer. Conferi sua estante de discos mais uma vez, para continuar não ouvindo nada que me lembrasse de você, vi sua coleção de filmes - muito maior que antes - e decorei alguns títulos para assistir depois. Quando estava quase fechando a porta te olhei de novo e consegui entender: as pessoas passam, mas um pouco delas ficam na gente. Voltei e te deixei um beijo na testa, to levando seu cheiro comigo.




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