Somos uma avenida de mão dupla, nossas faixas são próximas,
mas o córrego que passa no meio tem uma ponte estreita, em que palavras não
passam. Nossas ruas paralelas permanecem lado a lado por um longo caminho, mas
não há retornos. A gente se cruza, sempre em direções opostas. Eu tento ouvir o
que tens a falar, mas você só sorri um riso tímido, e eu quase me sinto culpada
por querer verbalizar nossos breves olhares. Você passa, mas são seis da tarde,
chove e os carros engarrafam. Buzinas, caos e confusão, é assim todo começo de
noite, nas ruas da cidade e nas esquinas do meu coração.