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sexta-feira, novembro 16, 2012

A carta que eu não mando



E em uma atitude de desespero eu decidi que eu queria tentar te contar tudo que nunca dissera antes. Contar sobre tudo aquilo que me fez chegar até aqui, e que talvez você nunca tenha entendido. Eu queria era poder  te contar de tudo, desde a primeira vez que meus olhos encontraram os seus, assim, tão clichê quanto cantou Tom Jobim. Te falar das explosões pouco conhecidas que eclodiram em mim, do vício que nasceu, tão prematuro, de ser vista por você. Dizer da certeza que eu tive, desde a primeira vez, que o nosso encontro deveria acontecer naquela hora. Queria te pontuar que, apesar dos anos ainda não terem me explicado o nosso achado, e por vezes eu até o mal dizer, isso logo passa, sempre que me pego rindo do teu riso. O que eu nunca comentei é do nosso habitual encontro noturno, cada vez que me deito tentando não sonhar com você, das noites que você cuida para que minhas oito sagradas horas de sono sejam felizes. Falaria do desejo que arde em mim, das inúmeras coincidências que nos cercam e do quanto seu jeito me causa uma adorável raiva. Diria que os céus conspiram ao nosso favor, mesmo que eu não tenha certeza disso. Se eu pudesse, contaria muitos segredos do meu fantástico mundo imaginário, sobre tantas coisas eu te falaria… Mas não posso.

Não quero ser... sem que me olhes. Abro mão da primavera para que continues me olhando. (Pablo Neruda)

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