Está escuro e a estrela da manhã brilha para anunciar mais uma alvorada.
Antes de clarear o dia ela nos espia, no canto do mundo, abandonado pelos olhos dos que dormem. Observa a nossa órbita na cama, nossos corpos explodindo e a
gravidade do nosso desejo explícito na atmosfera. Lá de cima a Dalva vê estrelas
cadentes no céu de nossas bocas, acompanhadas de pequenos pedidos, sussurrados
ao vento. E por mais que a gente peça aos astros noturnos que continuem dançando na via láctea,
os primeiros raios já vieram, e nele toda sobriedade e medo. O dia mostra erros
que a madrugada nos cala. Mas dessa vez amanheceu e nada acabou, tal como
vênus, que ressurge mais iluminado no cair da tarde, vê passar outras noites e não
se inibe com a presença do astro rei.